quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O vendedor de um só aparelho e a longa espera no pagamento

Sim, eu poderia ser um cara mais tranquilo... mas é difícil. Em geral, sou tranquilo, mas há a necessidade de me deixar 19 minutos encostado num caixa das Lojas Cem? A conta estava finalizada. Era só dizer:
- Sua conta ficou em tantos pilas, manolo X reais, senhor. Mas não.
Tudo começou quando resolvi dormir com a janela do quarto aberta. O calor está quase insuportável nesses dias (ou noites). Todavia, quando durmo com a janela aberta, acordo em outro ambiente. Já ouviu falar em... [Pernilongo] ? Acho que sou carregado durante a noite. São tantos pernilongos...
Pois bem... foi aí que me passou pela cabeça comprar um ventilador. Uáu, uma noite de euforia num profundo e silencioso e aconchegante ninar! O que diria a plantinha heróica, caso tivesse o dom de falar?
Foi aí que, por indicação de preço e pronta entrega, dirigi-me à empolgante compra da hélice-giratória-interno-gaiolal-elétrica, mais conhecida como "ventilador". Dentre os modelos espalhados pelo departamento da loja, escolhi o mais carismático e sincero. Uma verdadeira máquina de fabricar vento.
Após o "tempinho" de escolha:
- O senhor pode me acompanhar, por gentileza?
Fomos logo ao lado, onde havia um computador. A venda foi efetuada. Para o outro eletrodoméstico que comprei e que não vem ao caso, já havia a moça que me atendeu. Ou seja, estavam os dois vendedores lá, estagnados a me olhar, aguardando as minhas respostas. As perguntas são do tipo padrão: RG, CPF, endereço, renda mensal.... Renda mensal? Manolo, pra que saber quanto eu ganho por mês? Deve ser para terem frases do tipo.... o senhor ganha menos do que o mínimo para comprar este ventilador a vista. Catso, pouco importa à você, mero vendedor, o quanto eu ganho pelo meu suado e mensal trabalho!
... respiração profunda ...
Após os dois vendedores preencherem os dados da compra, a frase:
- Prontinho. Agora é só o senhor passar no caixa e depois apresentar o cupom fiscal para retirar o aparelho.
Eles dizem "prontinho", como se eu fosse uma adorável criança comprando bombons para levar para vovozinha. "Prontinho" é o escambau... meu agora é "Zé Pequeno", manolo.
Subo a escada rumo ao tal "caixa". Nem teve fila. Olhei para uma das moças do caixa e já fui atendido. Antes eu tivesse esperado na fila.
Encosto e lá se vão 19 preciosos minutos da minha vida de fim-de-semana. O limite mensal do meu cartão de crédito já tinha esgotado. Como eu havia falado que ia pagar nas 5 disponíveis vezes, a compra já estava atrelada à forma de pagamento. E quem agora poderá me defender? Quem poderia alterar a forma do pagamento? O vendedor. E o pior, era preciso os dois vendedores, um para cada eletrodoméstico que comprei. Eles tinham que acessar o sistema e alterar, um por vez, a forma de pagamento de minha compra. Catso, 14 minutos aguardando os vendedores, quem merece?!? Os outros 5 minutos foram para a atendente do caixa imprimir as duas vendas.
Agora me pergunto: pra que imprimir? A plantinha heróica se remoendo, neste momento, sentido a dor cruel de um mundo cruel cheio de pessoas cruéis que imprimem tudo o que vêem pela frente?
Imprimiu as duas compras:
- Assine aqui, senhor, a compra do seu ####### (eletrodoméstico 1).
- Também tem esta segunda compra, senhor (referindo-se ao eletrodoméstico 2). Assine aqui. - Não rola mais nem um "por favor, senhor"?
Assino os dois papéis contando a descrição das compras, recebo o cupom fiscal e desço para retirar as compras.
Depois de tudo isso, estufo o peito e em bom e alto tom discurso: - Sim, eu poderia ser um cara mais tranquilo.

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